sábado, agosto 19, 2006

E ela esperava, soltando barquinhos de papel no azul profundo da sua solidão.


Ele olhava o horizonte, cansado de o tentar alcançar.


Uma brisa calma agitou-lhe os cabelos. Trazia um cheiro suave e intenso.

Hesitante, Ela levantou os braços para o Céu e largou um dos barquinhos ao vento. Depois, interrogou-se porque o tinha feito.



O seu olhar tornou-se mais intenso, lembrou-se porque ali estava e sentiu essa Força renascer dentro d’Ele. Estendeu de novo a mão para o horizonte do seu sonho, que de alguma forma o chamava. Estendeu-a uma vez mais…


Um vento suave soprou. De onde vinha não o sabia, mas de algum modo sabia-o familiar…

Lentamente com ele, trouxe algo, algo brilhante e leve, que Ele se apressou a apanhar, com as mãos trémulas de emoção.

Mal lhe tocou, o coração pareceu saltar-lhe do peito, e uma onda de alegria iluminou a sua alma. O que tinha apanhado era tão frágil …e, ao mesmo tempo, mais poderoso do que qualquer coisa que tivesse imaginado.



Poderia ser…?



De repente, vindo do nada, ela sentiu algo que nunca sentira, algo que nunca pensara vir a sentir (como poderia alguém sentir algo tão puro e arrebatador?).


Não era possível…E daí…


Pela primeira vez em muito tempo, Ela levantou os olhos. O horizonte brilhava á sua frente, com uma luz nova, mais brilhante e quente que nunca.

Lentamente, mas confiante, estendeu a mão…



Os seus olhares tocaram-se e os seus corações abraçaram-se num eterno suspiro de alegria. O horizonte já não parecia distante e os barquinhos navegavam agora para porto seguro.


Sim..era possível…